O açúcar não está presente apenas em doces, frutas e refrigerantes, mas
também em alimentos salgados como pães e massas, que se transformam em
glicose dentro do organismo. A diferença entre eles está na velocidade
com que caem na corrente sanguínea: o doce leva poucos segundos,
enquanto as moléculas dos demais podem demorar até uma hora para serem
quebradas.
Em excesso, o açúcar pode provocar obesidade e diabetes tipo 2, doenças
que são facilmente evitadas, com atividade física e reeducação
alimentar. Para falar sobre os perigos dessa substância de alto poder
calórico e sobre como prevenir a diabetes, estiveram no Bem Estar desta
quarta-feira (4) os endocrinologistas Maria Lúcia Giannella e Alfredo Halpern, que também é consultor do programa. Segundo os médicos, a gordura abdominal predispõe a doenças metabólicas.
Tomar uma bola de sorvete é o mesmo que comer uma colher e meia de sopa de açúcar. Veja abaixo quanto há em outros alimentos:
Apesar dos riscos, o açúcar não é apenas um vilão: a Organização
Mundial da Saúde (OMS) recomenda que ele responda por 10% do consumo
total de calorias diárias. Em colheres de sopa, a quantidade não deve
passar de quatro, o equivalente a 50 gramas.
Por dia, um indivíduo deve ingerir de 45% a 65% das calorias sob a
forma de fibras e carboidratos complexos (batata, arroz, pães e massas),
10% de açúcares livres (de mesa, refrigerantes, sucos artificiais,
doces e guloseimas), de 10% a 15% de proteínas (leites, derivados e
carnes) e de 15% a 30% de gorduras. Produtos diet não contêm açúcar,
enquanto os light apresentam quantidade reduzida de calorias e podem ser
adoçados.
O Bem Estar mostrou, ainda, a incrível história da mulher que há dez
anos toma 12 litros de refrigerante por dia e não é gorda, mas sofre de
pressão alta (20 por 11 sem medicação e 16 por 8 com). Antigamente, a
funcionária pública Vera Lúcia Fernandes, de 56 anos, bebia 16 litros. E
também é fumante.
Só com o refrigerante, Vera Lúcia consome 1,2 quilo de açúcar por dia,
8,6 quilos por semana, 37 quilos por mês e 451 quilos por ano – quase
meia tonelada. Além disso, a bebida apresenta uma alta concentração de
sódio. Por mês, a funcionária pública gasta R$ 430 com refrigerante, e
R$ 5.280 por ano. O vício, que causa abstinência, tremedeiras e já a fez
procurar terapia, não atinge só ela, mas o filho e o neto de 7 anos,
que começou a receber a bebida com 3 meses de vida.
Muitos não abusam do açúcar no refrigerante, mas no café. Foi o que
mostrou o repórter Renato Biazzi. Sem se dar conta, as pessoas adoçam o
cafezinho durante o expediente e perdem a conta. Ao longo do dia, são
vários copinhos. Quem toma cinco cafés, por exemplo, chega a consumir de
10 a 12 colheres de açúcar.
O caminho do açúcar
Quando os alimentos passam pelo intestino, onde a glicose é absorvida,
há um sinal para que o pâncreas produza insulina, hormônio responsável
por fazer com que a glicose que chegou à corrente sanguínea entre nas
células e nos músculos do corpo, que usam o açúcar como fonte de
energia.
Quem ingere mais glicose que o necessário acaba armazenando a
substância sob a forma de gordura. A insulina também faz com que a
glicose entre nas células do tecido adiposo, por isso o excesso desse
hormônio acarreta ganho de peso.
Já na falta da insulina, que ocorre em diabéticos, a glicose não
consegue entrar nas células e fica na corrente sanguínea, não se
transformando em energia. Isso causa a hiperglicemia, ou seja, alto
índice de açúcar no sangue - que também pode estar presente na urina.
Tipos de diabetes
Na diabetes tipo 1, um processo imunológico destrói as células que
fabricam insulina. Em geral, a doença se manifesta na infância ou
adolescência, e o pacientes precisam tomar insulina pelo resto da vida.
O tipo 2 é o mais comum. Na maioria das vezes, está associado à
obesidade ou à presença de gordura abdominal. Costuma aparecer depois
dos 45 anos de idade. O tratamento é feito com remédios, exercícios
físicos e dieta.
A diabetes pode ser, ainda, gestacional, que aparece apenas durante a
gravidez, ou decorrente do uso de medicamentos e pancreatite crônica.
Quem é diabético deve contar todos os dias a quantidade de açúcar que
consome. Também precisa controlar o açúcar contido nas frutas.
Os sinais de alerta para a doença são: ter o problema na família,
excesso de peso, vida sedentária, mais de 40 anos, pressão, colesterol e
triglicérides altos, usar corticoides e anticoncepcionais e, no caso
das mulheres, ter tido filhos com mais de 4 quilos, abortos ou
natimortos.
Entre os sintomas da diabetes tipo 2, estão infecções frequentes,
alterações visuais, dificuldade de cicatrização de feridas, formigamento
dos pés e furúnculos.
Açúcar refinado e adoçante
O açúcar refinado não é necessário na alimentação porque existem outras
fontes mais saudáveis. O ideal é optar pelos tipos mascavo ou orgânico.
Apesar disso, eles custam mais caro e adoçam menos.
Já o adoçante é uma substância doce, mas o corpo não ganha energia com
esse produto químico. Alguns estudos revelam efeitos colaterais do
excesso de adoçante, como retenção de líquido e obesidade.
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